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sábado, 26 de março de 2011

SEVERINO JR NO JÔ SOARES

Em 2003, o atual lider-parceiro da Fundação AVINA, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis - MNCR, notório palestrante em eventos internacionais, além de ser um dos articuladores da Rede Latino-Americana e Caribenha de Catadores, despontava no programa do Jô, é isso mesmo, programa do Jô. A sagacidade o fez ir longe, demonstra sua humildade por onde quer que vá, e não tem embaraço algum em dizer que sobreviveu e sobrevive do "lixo". Parabéns pela sua garra Severino.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ministra do Desenvolvimento Social e Combate a Fome reafirmou seu compromisso de continuar parcerias












Maria do Carmo, Ronei Alves, Luiz Henrique e Severino Lima em reunião com a Ministra Tereza Campello. Também participou Jaira Pupim, do MDS.

O MNCR esteve reunido com a Ministra do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Tereza Campello, no ultimo dia 17 em Brasília, para entregar pauta de reivindicações da categoria, bem como acordar a continuidade do apoio do MDS ao trabalho dos catadores de materiais recicláveis.

A ministra recebeu o documento com as reivindicações e declarou o compromisso em dar continuidade ao trabalho realizado pelo MDS ao longo dos anos. Sinalizou ainda para o aprofundamento desse apoio. “Os catadores são um público estratégicos do MDS e têm prioridade em nossa agenda. Nós queremos continuar essa parceria de modo que vocês participem dessa frente de para erradicação da pobreza”, declarou Tereza Campello em reunião com os catadores.

Foi tratada na reunião a necessidade de continuidade de projetos exitosos como o projeto em parceria com a UNESCO, além da atuação do MDS como principal órgão a frente de ações de apoio aos catadores. Outro ponto importante foi em relação à atuação do Comitê Interministerial de Inclusão Social e Econômica dos Catadores, no qual os catadores ressaltaram a necessidade do continuar havendo um dialogo direto com os catadores e que o Comitê não seja colocado como intermediário dos catadores e o Governo Federal.

O MNCR solicitou apoio para construção de um Centro de Referência Nacional que centralize tecnologias e conhecimento sobre resíduos sólidos para formação e capacitação profissional dos catadores de todo o país e pretende beneficiar catadores também da América Latina.

Em relação ao programa Bolsa Família, os catadores reivindicaram a necessidade de um programa que atenda os catadores em situações emergenciais como no caso de fechamento de lixões. A ministra se comprometeu em mobilizar os Prefeitos do país, por meio de ofícios e outras ferramentas, para que incluam os catadores no cadastro único do Bolsa Família e dessa forma atender a reivindicação. Foi informado que os catadores de materiais recicláveis e população de rua têm prioridade

fonte: http://www.mncr.org.br/box_2/noticias-regionais/mncr-realizou-reuniao-com-ministra-do-mds

sexta-feira, 18 de março de 2011

Catadores de material reciclavel terão comitê interministerial









Foi instalado, nesta segunda-feira (14), o Comitê Interministerial de Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Reciclaveis, com a participação de representantes de 16 ministérios e nove instituições federais.
O coordenador do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Reciclaveis, Alexandre Cardoso (foto), afirma que a categoria “integra a luta dos pobres por um lugar ao sol”. Cardoso conta que os catadores trabalham até 16 horas por dia e aqueles que estão organizados em associações já chegam a 800 mil. Ele criticou a exploração das indústrias de reciclagem e disse que a maioria dos catadores não consegue ganhar nem um salário mínimo. “Os catadores precisam ter mais espaço para trabalhar e contar com apoio tecnológico, pois 60% da categoria ainda trabalha em cima dos lixões, que são dominados pelas empresas de ferro-velho e ainda por cima contam com a presença do tráfico de drogas”, denunciou.



Um dos líderes do movimento nacional e catador desde os 12 anos, no Rio Grande do Norte, Severino Lima Jr, diz que os trabalhadores que lidam com materiais reciclaveis no Nordeste estão entre os mais vulneráveis do Brasil. “Lá, temos grande dificuldade com a comercialização dos produtos, pois os centros industriais estão no Sul e Sudeste, temos muitos atravessadores”.
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, prevê que o fortalecimento do trabalho dos catadores “pode ajudar muito na erradicação da pobreza até 2014, meta da presidenta Dilma Rousseff”. Já a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou que “o comitê alinha agendas ambientais, sociais e econômicas, que vão gerar renda, qualificação profissional e inclusão social”. Izabella informou que “o Brasil perde R$ 8 bilhões por ano por falta de reciclagem”. Para ela, ser catador de material reciclavel “é um trabalho que envolve uma prioridade que diz respeito ao povo brasileiro e não à elite”.

A informação é do Brasília Confidencial

quinta-feira, 17 de março de 2011


Vejam que matéria importante sobre os catadores na pessoa de Severino Jr.

10 Perguntas para Severino Lima Júnior - O Brasil dá Exemplo

Severino Lima Júnior começou a trabalhar em um lixão. Aos 12 anos, vivia de selecionar material reciclável em Natal (RN). Hoje, como um dos líderes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), ele não só dialoga com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a recém-eleita Dilma Rousseff, com quem se encontrará dia 23, como tem participado de conferências para chamar a atenção para a categoria. São pessoas que mantêm rotinas duras, passam noites nas ruas, empurram carroças e, em alguns países, sofrem até perseguições.

Nesta entrevista concedida por telefone do México, onde participou da 16ª edição da Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), ele conta sobre a articulação internacional de catadores e a resistência à incineração como forma de se livrar do lixo.

1 – Como vocês se organizaram para participar da COP-16?

Estamos nos organizando faz tempo e participamos não só desta, mas de todas as conferências. Construímos uma aliança internacional para trocar experiências. Antigamente, participávamos só de eventos paralelos, hoje organizamos eventos e, quando vamos para as discussões, não vamos apenas para ver e fazer perguntas simples, mas para fazer questionamentos aos comitês.

2 – E como vocês têm sido recebidos?

Não é fácil levar novidades, principalmente para quem vem de um país que tem políticas públicas de apoio aos catadores como o Brasil. Em alguns países, como a Índia, não há apoio nenhum. Em outros, como a Colômbia, há perseguição. Mas de modo geral conseguimos colocar nossas propostas. Elogiaram nossa organização.

3 – Vocês são contra a incineração?

A incineração é apresentada como uma novidade ecológica. Falam em reaproveitamento energético, mas, na realidade, vão apenas tirar o material reciclável e enfraquecer a categoria. Hoje são 800 mil catadores no Brasil, 2 milhões na América Latina e 20 milhões no mundo. Todos ameaçados de ficar sem trabalho. Sem falar que a tecnologia não é limpa. Os países europeus querem exportar máquinas de incineração saturadas, paradas, prestes a virar sucata, dissimulando tudo com um discurso ecológico.

4 – Mas não se gera energia com a queima do lixo?

Qual o sentido de pegar plástico e queimar para depois ter que tirar petróleo de novo da natureza e produzir mais plástico? É absurdo falar que isso é reaproveitar energia. No Brasil, dá para gerar energia limpa de verdade, usinas eólicas (de vento), solares. Mas não, em vez disso temos usinas (de incineração) procurando catadores para comprar material reciclável e queimar.

5 – O que poderia ser feito então?

No Brasil, temos o Pró-Catador, um programa para incentivar a reciclagem e o reaproveitamento. O lixo orgânico vira compostagem, o que pode é reciclado e o que sobra, cerca de 10% a 15%, é incinerado. Mas é mentira dizer que a incineração é limpa. Visitamos usinas na Holanda, Itália e França e fomos aos incineradores. O material vira uma cinza que não serve para nada.

6 – E reciclagem?

Na Europa eles não reciclam tanto. A maioria dos países incinera o lixo, acham mais fácil colocar em uma máquina e pronto. A matriz que se desenha no Brasil é a melhor possível. Os catadores conseguem tirar 80%, 90% do material e sobreviver da reciclagem. Estamos no caminho certo. É uma atividade que gera emprego e melhora a vida de quem vive à margem da sociedade.

7 – E o que mais vocês defendem?

A regulamentação da profissão pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e mais políticas públicas para garantir a atividade. Além disso, defendemos a criação de um fundo global administrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para beneficiar os recicladores. Fazer alianças é fundamental para conseguir conquistas. Hoje temos inúmeras organizações, pelo menos 200 no Brasil, mesmo com dificuldades. Montar uma cooperativa custa caro. A lei para uma de catadores é a mesma que para uma de médicos.

8 – Como é representar os recicladores em uma conferência internacional?

Fico muito orgulhoso. Saí de um lixão de Natal (RN) aos 12 anos. Não imaginava sequer que havia catadores em outros estados. Depois veio o movimento nacional do Brasil. No começo, se usasse um laptop, olhavam estranho. Era como se catador tivesse que andar sujo, falar errado. Avançamos e desde 2001 estamos identificando companheiros no exterior, fazendo alianças. Temos ótima relação com o presidente e temos sido tratados com respeito.

9 – E agora com Dilma Rousseff?

É continuidade de governo, mas com mudanças. Não é pelo simples fato de o Lula estar passando o poder para ela que esperamos que tudo se resolva. Vamos construir a relação, conquistaremos o apoio dela. E, de todo modo, a gente não constrói só relacionamento, mas políticas públicas. Tudo que conquistamos está consolidado. Pode vir governo de direita, de esquerda, as políticas estão construídas.

10 – O presidente Lula não foi ao México alegando que a COP-16 “não ia dar em nada”. É isso?

Não é a primeira vez que ele fala assim. A gente entende que ele, com agenda saturada, não vá para um evento em que tudo está armado para não dar em nada. Pelo status que ele tem, poderia ter dito de outra forma, mas quando o Lula quer falar, fala de coração. Nós esperamos que, mesmo que não saiam acordos, os integrantes de governo e organizações internacionais entendam que somos aliados, fortes e unidos. Queremos ser reconhecidos. Sabemos da nossa responsabilidade com o meio ambiente. Não queremos, por exemplo, que a população consuma mais para termos mais trabalho. Reduzam as embalagens. Somos a favor do meio ambiente, pensamos em nossos filhos.
***
Fonte:http://www.folhauniversal.com.br/integra.jsp?codcanal=9983&cod=151065&edicao=976

quarta-feira, 16 de março de 2011










Severino trabalha como catador desde os 12 anos, mas hoje é um líder na América Latina/Foto: Divulgação


O potiguar Severino Lima Júnior poderia lamentar a realidade difícil de uma vida dedicada ao trabalho árduo. Aos 12 anos de idade, ele já se misturava às centenas de catadores de materiais recicláveis do aterro sanitário de Natal, na capital do Rio Grande do Norte. A condição humilde da família fez com que ele tivesse de encarar o odor e os demais obstáculos de se trabalhar em meio ao lixo, em vez das brincadeiras comuns dos outros meninos de mesma faixa etária.
Mas apesar de tantas adversidades enfrentadas desde cedo, Severino não se prende a lamentações. Com o passar dos anos, o esforço e as circunstâncias fizeram dele uma das principais lideranças do setor em toda a América Latina. Atualmente, é líder-parceiro da Fundação Avina e também representa o Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis (MNCR) em eventos internacionais, além de ser um dos articuladores da Rede Latino-Americana e Caribenha de Catadores.
Nesta entrevista ao portal EcoDesenvolvimento.org, Severino conta fatos marcantes de sua trajetória e a importância do trabalho que desenvolve, ao reivindicar melhores condições de trabalho e contribuir, ao mesmo tempo, para o desenvolvimento sustentável da sociedade.



EcoD: Desde 1999, o senhor e outras lideranças do setor de materiais recicláveis articulam a criação de uma organização capaz de representar os interesses da categoria. Como se deu essa iniciativa?
Severino: A partir do conhecimento de que outros catadores do Brasil lutavam por direitos trabalhistas em seus municípios. Entre outros pontos, eles reivindicavam um melhor acesso às ruas para coletarem esses materiais.
EcoD: E como o MNCR está organizado?
Severino: O movimento tem representantes em todos os estados brasileiros. É uma grande organização. Eu, no caso, sou um dos representantes da região Nordeste.
EcoD: De que forma o MNCR contribui para com a preservação do meio ambiente?
Severino: Principalmente com a redução do uso de matérias-primas de origem virgem, como garrafas de vidro e materiais plásticos. Imagine como seriam os lixões e as ruas sem nós catadores! Acho que não teríamos mais espaços para colocar tanto lixo...
EcoD: Como o senhor encara o fato de ter começado a trabalhar no "lixão" a partir dos 12 anos?
Severino: Foi parte de uma necessidade. Mesmo assim, tenho muitas lembranças e histórias boas do Lixão de Natal. Alguns desses relatos são tristes, mas também tem muitas coisas alegres, que me deixaram feliz. O principal deles diz respeito às alianças de casamento de minha esposa e eu. Sabe do que elas foram feitas? Acredite: a partir do ouro de coroas dentárias encontradas por um companheiro de trabalho lá no lixão. Apesar do inusitado, elas ficaram muito bonitas. Minha esposa e eu ficamos muito emocionados com o presente.
EcoD: Existe diferença entre catadores de materiais recicláveis e garis?
Severino: Nós definimos como catadores de recicláveis aqueles que catam materiais de ferro-velho, sucata, papel e papelão, além de vasilhames. Também enquadramos aí os membros de cooperativas de sucata, que separam e fazem à triagem desse material. Já os garis são aqueles profissionais que coletam o lixo domiciliar, ou seja, os resíduos in natura (sem nenhuma seleção).
Ecod: Mais alguém na sua família exerceu ou ainda exerce essa profissão?
Severino: Dois irmãos meus também cataram muito no lixão durante a infância. Atualmente, um deles é pastor de uma igreja evangélica, enquanto o outro é policial militar.









Ao lado de senadores em Brasília (DF), para discutir a regulamentação dos marcos regulatórios e destinação de resíduos sólidos. /Foto: Moreira Mariz/Agência Senado


EcoD: Como liderança dos catadores de materiais recicláveis, o senhor já percorreu boa parte dos países. Será que aquele menino do Lixão de Natal imaginou, algum dia, alçar voos tão altos?
Severino: Rapaz (pausa)... Não. Nunca imaginei que um dia viajaria tanto para lutar por essa causa. Outro dia, viajando pela Europa para conhecer experiências inovadoras das coletas de alguns países de lá, em companhia de outro amigo de lutas, chamado Roberto Laureno, comentei justamente isso. Nós refletimos sobre essa pergunta durante algum tempo, olhamos para o início de nossa luta e chegamos à conclusão de que não tínhamos essa dimensão. Não é tão fácil. Hoje somos referência na América Latina, em decorrência de nosso modelo de organização e articulação.
EcoD: Na sua opinião, quais foram os principais avanços da categoria desde que o MNCR foi criado, em 2001?
Severino: Sem dúvida, a regulamentação da profissão, que nos permitiu o acesso às políticas publicas. Também destaco os avanços da relação com o governo federal e a criação do decreto 5940 [de 25 de outubro de 2006], que institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis.
EcoD: Como o senhor vê a realidade dos catadores atualmente no Brasil? Falta conquistar algo mais?
Severino: Um dos problemas que encontramos é a burocracia, que em nossa concepção, existe para dificultar o acesso dos menos favorecidos ao acesso dos investimentos públicos. Nós temos conquistas importantes que precisam ser celebradas, mas também precisamos de melhorias para a capacitação do nosso trabalho. Eu e os meus companheiros defendemos a criação de novos postos de emprego para os catadores. Outro problema são os atravessadores, que prejudicam os catadores de cidades distantes das capitais.
EcoD: Prejudicam como?
Severino: A crise financeira mundial afetou a nossa categoria de maneira muito drástica. Só para você ter ideia, perdemos mais de 70% de nossa renda, perdemos também o mercado de vários materiais que ficaram inviáveis para a comercialização devido ao custo operacional. Existiam muitos atravessadores/sucateiros que tinham lucros exorbitantes (de até 200%). O que eu quero dizer é que essa recessão global nos ensinou muitas lições. A principal se refere à união que os catadores precisam ter. Unidos, nós somos capazes de vender direto para a indústria. Sem o devido conhecimento, a categoria cede ao assédio desses sucateiros, entende? Precisamos comercializar os materiais em rede, direto para as indústrias.
EcoD: Como o senhor avalia a organização dos catadores de materiais recicláveis nos países da América Latina?
Severino: De uns quatro anos para cá houve um grande avanço nesse sentido. Tivemos a criação da Comissão Nacional de Catadores do Chile, um congresso em nível continental na Colômbia, encontros na Bolívia, Uruguai e Equador. Na Argentina há um movimento muito bem fortalecido e politizado. O Peru também costuma sediar eventos nacionais e grandes congressos. Penso que podemos avançar mais nos países da América Central, que costumam registrar mais dificuldades e apresentar mais problemas organizacionais.
EcoD: O senhor esteve em Bonn, na Alemanha, em junho deste ano, para participar de um encontro mundial sobre as mudanças climáticas. O que pode ser destacado dessa experiência?
Severino: Foi bom porque pudemos discutir as ações de redução das emissões de gases de efeito estufa por meio da mitigação, além de colocarmos a nossa categoria no centro da discussão de temas importantes, capazes de afetarem diretamente a vida das pessoas em todos os países. Hoje nós temos a perspectiva de que, nos próximos anos, poderemos aprovar uma metodologia que possibilite o nosso beneficiamento em relação ao bônus comercializado no mercado internacional de créditos de carbono.

fonte:http://www.ecodesenvolvimento.org.br/avina-leadership/severino-lima-junior-do-lixao-de-natal-para-o